Desinformação e ataques à Lei Maria da Penha, entre outros assuntos, marcaram o debate nas redes sociais no Mês da Mulher, segundo levantamento realizado pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI). No estudo, foram analisadas, entre os dias 1 e 10 de março, 11.071 mensagens nas plataformas X, Telegram, WhatsApp, Facebook e Instagram. Além de discursos de ódio, destacam-se comentários de cunho transfóbico tendo como alvo a deputada Erika Hilton e a disputa simbólica entre a atual primeira-dama Janja da Silva e a anterior Michelle Bolsonaro, sobre quem seria a “melhor” em sua posição.
Na primeira análise, na rede social X, foram discutidos eventos e postagens sobre o dia da mulher, com dois lados políticos se articulando sobre o tema. Nos perfis de oposição ao governo, o movimento feminista foi destaque, sendo associado a uma agenda politico-partidária de esquerda. O presidente Lula também foi criticado, acusado de omissão em relação à defesa das mulheres na guerra em Gaza, e a um suposto aumento de casos de violência contra mulheres em comparação ao governo anterior.
A oposição repercutiu, nas redes, posts sobre o evento comemorativo ao Dia das Mulheres do partido PL, em Brasília, que contou com a presença de Jair e Michelle Bolsonaro e, também, o caso de mulheres detidas no dia 8 de janeiro, que teriam resistido à alegadas práticas de tortura na ocasião.
No Facebook e no Instagram, perfis de mídia hiper partidária e atores políticos de direita, como a deputada federal Bia Kicis, fizeram ataques à também deputada Erika Hilton, após ela ser escolhida para uma homenagem feita pelo caderno Ela do jornal O Globo para o Dia das Mulheres. Outros ataques à população trans, como notícias falsas relacionadas à transmissão de HIV para bebês a partir de amamentação voluntária, também tiveram espaço nas redes. Posts com críticas à declaração do Ministro da Educação, Camilo Santana, sobre a possibilidade de estipular cotas para pessoas trans nas instituições de ensino federais foram compartilhados
Outro assunto que repercutiu em perfis de direita foi a comparação entre Janja da Silva e Michelle Bolsonaro com posts , em que a resposta da pergunta sobre qual das duas representavam mais os seguidores desencadeou comentários que classificam Michelle como uma “mãe de família”, “verdadeira primeira-dama”, de “valores morais” e “honra”, Janja, por outro lado, foi denominada como “mulher de bandido”.